sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Contagiado, Brasil goleia Portugal em noite de Luis Fabiano

Alexandre Sinato
Do UOL Esporte

O clima de festa fez bem ao Brasil e mais ainda a Luis Fabiano. A seca de gols em casa, o futebol pragmático como anfitrião e a desconfiança sobre a seleção não resistiram. Inspirado e contando com noite especial de seu camisa 9, o time de Dunga retribuiu o carinho do público com bonito espetáculo: goleou a forte equipe de Portugal por 6 a 2, na inauguração do novo Bezerrão, e garantiu um fim de ano em grande estilo.
Grande parte dos holofotes estava voltada para o duelo entre Kaká e Cristiano Ronaldo. No entanto, as atenções mudaram de foco rapidamente. Com três gols, Luis Fabiano encerrou o jejum ofensivo do Brasil em casa e se tornou o destaque da noite. Ofuscou as estrelas da partida e deixou o campo aplaudido quando deu lugar a Adriano."Estou na melhor fase dentro da seleção. Desta forma, vou continuar lutando para ser titular, apesar da desconfiança de muitos. Vejo isso [desconfiança] nas reportagens", comentou Luis Fabiano ao final da partida.
O resultado também fez bem a Dunga. Com postura serena desde sua chegada a Brasília na segunda-feira, o treinador respondeu aos rumores de que está perto de ser demitido vendo seu time mostrar desenvoltura. Na última apresentação da seleção em 2008, Dunga conseguiu o que não havia obtido ao longo do ano: um jogo tranqüilo no Brasil. O treinador, porém, não acredita que o bom resultado possa aliviar a pressão que vem recebendo. "[As críticas] vão continuar do mesmo jeito. Precisamos estar preparados para encará-las. O importante é o relacionamento com os jogadores, que é muito bom dentro da seleção. Isso dá tranqüilidade para continuar o nosso trabalho", comentou Dunga
O oba-oba e o clima de festa que terminaram com gritos de olé começaram cedo no Bezerrão. Políticos e o presidente da CBF Ricardo Teixeira inauguraram oficialmente a modernização do estádio. Circularam pela área vip entre mulheres bonitas e gente influente antes de se dirigirem às tribunas. De seus confortáveis assentos, viram Pelé ser homenageado pelos 39 anos de seu milésimo gol e dar o pontapé inicial. Também assistiram à volta do piloto Felipe Massa como carona no carro da maca.
Mas nem todos os personagens do evento foram ovacionados no amistoso. Enquanto Kaká arrancou gritos e causou barulho quando teve o nome anunciado pelo sistema de som, Dunga recebeu vaias e mais vaias. Reflexo do futebol irregular que a seleção havia apresentado até então.
Quando a bola rolou, a tensão do treinador brasileiro aumentou. Bastaram quatro minutos e o primeiro gol de Portugal, anotado por Danny, para Dunga se levantar do banco de reservas. Surgiram as primeiras broncas e a expressão se tornou ainda mais fechada. Nem mesmo o gol de empate de Luis Fabiano, aos 8min, aliviou o comandante gaúcho.
Sorriso mesmo só aos 25min. Ao ver Luis Fabiano estufar as redes novamente, após linda jogada de Kaká, Dunga berrou, desabafou e abraçou o auxiliar Jorginho. Ele conseguiu até sentar por mais de um minuto, algo raro durante o primeiro tempo. Paralelamente, dentro das quatro linhas, Kaká e Cristiano Ronaldo faziam duelo particular.
Enquanto o português atuou aberto pela esquerda, longe do gol, Kaká ficou próximo dos atacantes brasileiros. Foi assim, por exemplo, que ele serviu Luís Fabiano no segundo gol. Em arrancadas rápidas, fez o público se levantar, esperançoso. Participou bastante do jogo e mostrou concentração.
Já Cristiano Ronaldo, tão festejado pela torcida local desde sua chegada a Brasília, foi tratado como rival. Quando errou passe, tentou uma "firula" e perdeu disputa com Anderson, acabou vaiado. Os torcedores ensaiaram até uma provocação. Aparentando certa desatenção, o atacante português mais desfilou do que jogou nos 45 minutos iniciais.
Mas o desfile que chamou mais atenção foi o da seleção brasileira. Mostrando inspiração, a equipe de Dunga sobrou no segundo tempo. Sufocou Portugal e desembestou a fazer gols. Maicon, Elano, Adriano e Luis Fabiano, pela terceira vez, foram às redes de Quim.
Kaká participou de um dos gols e deu assistência em outro. Não brilhou como Luís Fabiano, mas venceu o confronto particular com Cristiano Ronaldo. Os desempenhos não mudarão o resultado da eleição da Fifa de melhor jogador do mundo, que indica o português como grande favorito. Em sua terra natal, contudo, foi Kaká quem comemorou.
E quem festejou ainda mais foi Dunga. À beira do gramado, o treinador pôde finalmente respirar com mais calma. Até uma faixa na arquibancada surgiu pedindo a permanência do treinador, fato para lá de raro na trajetória do gaúcho na seleção. De volta à capital federal após três anos, a seleção brasileira certamente guardará com carinho a passagem pela cidade nesta semana.

Um comentário:

Débora Arcuri disse...

Uauuuuuuuu!
Encontrei o blog mais acessado do Brasil!!!haha
;)